08 fevereiro 2008

departamento de influências: Professor Maia (Carlos Shankrow Maia), professor de matemática no Colégio Andrews (Rio de Janeiro-RJ)



Uma pedagogia difícil de explicar para quem não o conheceu pessoalmente... Mais difícil ainda de explicar porque, sempre irreverentíssimo, ele era o professor mais popular no Colégio do Secretário de Educação do Carlos Lacerda, que o levou para colégios estaduais, e ele continuou queridíssimo durante o período de ditaduras militares... Na verdade é querido até hoje... Todos seus ex-alunos o adoram (vide comunidades do Colégio Andrews no Orkut)...



Em pé sem ordem... DizMaia, anda, desmaia, que conforme for, eu revejo sua nota... Isso porque para as meninas engraçadinhas ele dizia DizMaia no meu colo... Dia tal tem prova, quem trouxer binóculos vai se dar bem _ ninguém levava, mas ele colocava o gabarito da prova num papel minúsculo bem no meio do quadro negro... Dia tal tem prova, calculadora não pode, só vale vara de pescar _ ninguém entendia, e ele colocava as respostas das questões em envelopinhos no aparador de giz, como numa pescaria de festa junina... No recreio ele passava bem humorado na passarela do segundo andar fazendo cara amarrada e gestos obscenos para os alunos que gritavam seu nome em delírio... Mas quando ele dizia "agooora" todo mundo ficava quieto... Desajeitado, sujo de giz, mas sempre "colega" de seus alunos todos... Outro professor de matemática, o Alair, distribuía rosquinhas para quem tirasse zero (eu tirei muitos), o Maia mostrava o seu dedo mais grosso de ex-remador e ameaçava fazer uma rosquinha sabe-se lá onde (aí parei de tirar zeros) ... Era amigavelmente grosso com os meninos porque gastava a sua delicadeza snedo agradável com as meninas... Pedia às mais bonitas para se sentarem na primeira fila, de modo a tornar a aula mais interessante para todos... A aula era surpreendentemente animada e pachorrenta, e ainda, ao mesmo tempo, difícil e produtiva... Aprendia-se aos trancos e ainda se achava graça, talvez porque o melhor seja aprender de verdade, achando graça das dificuldades...



A influência não é toda só do Prof Maia, é claro. Outros professores memoráveis influenciaram muita gente. Lembro sempre do Vilaça, professor de geografia, me mandando falar (prova oral) do lugar onde eu nasci, só porque ele sabia que eu não fiquei tempo bastante lá para conhecer o lugar. Aprendi a conhecer os lugares, mesmo de passagem... Lembro das rosquinhas Alair (já mencionadas)... Lembro do "Tio Lula", professor de história _ me fez ler livros enormes inteiros, e dizia que aquilo não era nada perto do que eu ainda ia ter que ler na vida... Lembro do Monsieur Arditi, e do Petit Prince e de umas músicas chatas em francês, que eu sei de cor até hoje...


O Colégio Andrews em si, também me influência até hoje, embora eu não tenha certeza absoluta, lembro que o lema (ou algo assim) do colégio era "ensinamos a aprender" ou "aprender a aprender" (ou coisa assim). Poderia pesquisar isso direitinho, mas prefiro guardar assim (ou algo assim).

Informações sobre o casarão e o Colégio Andrews: Foto do Colégio Andrews em 1975 na Praia de Botafogo nº 308, prédio que o colégio passou a ocupar em 1926. Inicialmente o Colégio Andrews, fundado em 1918 por Isabella Robinson Andrews (associada à família Flexa Ribeiro a partir de 1920). O casarão foi erguido por volta de 1860 como residência do Visconde de Sousa Franco, ministro do Império. Em 1874 passou a ser sede do Club Guanabarense, um dos embriões do atual Botafogo FR, e em 1907 ali foi fundado o Automóvel Club do Brasil. A casa é tombada pelo Município desde 1990.

Ao ser criado, o Colégio Andrews, foi uma revolução para a época, pois era um colégio leigo e misto. Com o tempo, o Andrews se expandiu, chegando a ter unidades na Tijuca, Humaitá e Barra. No final dos anos 90 o Andrews diminuiu de tamanho e passou a funcionar apenas na unidade do Humaitá, construída nos anos 70. O casarão da Praia de Botafogo, juntamente com as unidades da Barra e da Tijuca, foi então adiquirido em 2003 pelo Colégio pH. O colégio pH surgiu em 1992 a partir do bem sucedido cursinho vestibular de mesmo nome, fundado em 1986 pelo professor Paulo Henrique Martins, que ainda dirige o colégio.

fontes da informações do casarão e do Colégio Andrews: http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto:341 e http://fotolog.terra.com.br/luizd:755

2 comentários:

Anónimo disse...

Que coisa boa ver o Prof.Maia,fui aluna dele em 1956/58...ele entrava na sala de aula cantando,foi o melhor professor de matematica que tive..SAUDADE QUE DÓI...rs

Lenir Galvão

Anónimo disse...

As lemranças de um tempo em que o Rio era lindo e cheio de esperança em uma sociedade melhor.É sempre bom ver história dos bons tempos.